O Caminho dos Sete Lagos (parte IV). As maravilhosas Cascatas Ñivinco.
- Gustavo Guzmán
- 5 de jul. de 2017
- 3 min de leitura


A manhã empurra o sol pelo céu iluminando as nuvens preguiçosas e o meu coração bate ansioso pelas gratas surpresas que nos esperam ao longo do dia. Ontem à noite as conversas nos mantiveram acordados até tarde: lembrar as experiências faz com que as vivamos de novo. E é interessante como cada momento tem um significado diferente para cada um de nós, um sorriso ou um olhar refletivo. Uma viagem dentro de outra.
Estamos prontos e motivados quando subimos ao carro, já nos conhecemos um pouco depois de vários dias partilhando momentos deliciosos, conversas e a magnífica natureza da Patagônia Andina.
Embora já visitamos muitos lagos ao longo de nosso roteiro, apenas hoje vamos começar percorrer o Caminho dos Sete Lagos. Uma estrada pitoresca, de aproximadamente 110 km que une Villa La Angostura com San Martín de los Andes, emoldurada da beleza que só a Patagônia pode nos oferecer.
Como tudo na vida, o mais importante costuma ser o caminho em vez do destino, por isso não temos pressa e curtimos cada parada: histórias, lendas ou informações da região enriquecem as imagens bonitas que nos impactam.


A primeira parada é no Lago Espejo, melhor dito, no mirante que fica na beira da estrada que vai para Chile marcando uma sinuosa dança que atravessa as montanhas. Esse lago tem o nome bem certo; suas águas refletem as imagens do jeito que fica difícil saber onde começa o céu e termina o olho d'água. No ano 2011 ele ficou coberto pela cinza do Vulcão Puyehue, depois da erupção que demorou uns 40 anos desde a última vez, e perdeu parte da sua habilidade de colar a terra com o céu. Na atualidade isso é apenas uma lembrança do poder da natureza e o lago segue tão triunfante como sempre.
O clima nos acompanha com brisas suaves e a temperatura é morna, a primavera esta bem avançada e as cores das flores silvestres dão uma imagem de floresta aconchegante que captura nossos sonhos através das janelas do carro. Cada quilômetro do caminho nos convida a parar com presentes que alegram, trilhas imaginarias marcadas de vermelhos, amarelos

e azuis, algumas delas parecem movimentadas por forças que não tem a ver com o vento até que percebemos que são pássaros que descrevem loucos desenhos no ar.
Pouco depois chegamos a uma curva do caminho e uma placa que apenas conseguimos enxergar indica que perto ficam as cascatas Ñivinco, um grupo de cachoeiras onde as águas brincalhonas enganam aos caminhantes distraídos com o seu canto, por isso os indígenas chamaram-as de "águas que sussurram".

Deixamos o carro e pegamos a trilha que pouco a pouco nos leva até o rio, mas para alcançar as cachoeiras ainda temos que andar mais um pouco e atravessar as águas que molham os joelhos.
É gostoso sentir a fresca caricia na pele enquanto levamos os tênis pendurados no pescoço. Alguns, mais cautelosos ouviram o guia e pegaram sandálias, ótimas para a trilha.

Passa pouco tempo e o entorno consegue nos apaixonar. A natureza nos surpreende de novo com uma exibição magnífica que atinge a todos os sentidos onde a protagonista é a água mas o apresentador é um Martín Pescador que guia nosso olhar pelas cachoeiras com voos inacreditáveis indo e vindo da floresta. Paramos numa prainha apenas para tirar aquilo que não é roupa de banho (todos ouvimos ao guia dessa vez :-)) prontos para nadar nas piscinas naturais.
As cascatas não acabam, apenas conhecemos as primeiras, mas está na hora do almoço e a trilha contribuiu a aumentar a fome. Vira um luxo só... ficar sob o raio de sol comendo o lanche, prelúdio de uma cochilada gostosa enquanto algum aventureiro/a consegue curtir mais umas cachoeiras andando rio acima.

É importante ser consciente do momento, ficar quieto enquanto nosso corpo relaxa rodeado pela natureza, se procurarmos estar presentes nesse momento e lugar, uma sensação de paz nos abrange e somos permeáveis ao próprio conhecimento. Sem dúvidas um caro presente do Universo.
Voltamos ao carro e a estrada, andando de novo pela trilha conhecida, o caminho parece mais curto agora, talvez seja porque também conseguimos curti-la. Vantagens de sentir-nos mais unidos à natureza.
O relato ainda continua nos próximos post, segue conosco , por enquanto......Leia mais.
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